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sexta-feira, 11 de março de 2011

VIA SACRA PARTE 3

Quinta Estação - Jesus é ajudado a levar a cruz pelo Cireneu

Do evangelho segundo São Mateus 27, 32; 16, 24


32 Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.
24 Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.

Meditação

Simão de Cirene regressa do trabalho, vai a caminho de casa quando se cruza com aquele triste cortejo de condenados - para ele talvez fosse um espetáculo habitual. Os soldados valem-se do seu direito de coação e colocam a cruz às costas dele, robusto homem do campo.

Que aborrecimento não deverá ter sentido ao ver-se inesperadamente envolvido no destino daqueles condenados! Faz o que deve fazer, mas certamente com grande relutância. O evangelista Marcos nomeia, juntamente com ele, também os seus filhos, que evidentemente eram conhecidos como cristãos, como membros daquela comunidade (Marcos 15, 21). Do encontro involuntário, brotou a fé. Acompanhando Jesus e compartilhando o peso da cruz, o Cireneu compreendeu que era uma graça poder caminhar juntamente com este Crucificado e assisti-Lo. O mistério de Jesus que sofre calado tocou-lhe o coração. Jesus, cujo amor divino era o único que podia, e pode, redimir a humanidade inteira, quer que compartilhemos a sua cruz para completar o que ainda falta aos seus sofrimentos (Col 1, 24). Sempre que, bondosamente, vamos ao encontro de alguém que sofre, alguém que é perseguido e inerme, partilhando o seu sofrimento ajudamos a levar a própria cruz de Jesus. E assim obtemos salvação, e nós mesmos podemos contribuir para a salvação do mundo.

Oração

Senhor, abristes a Simão de Cirene os olhos e o coração, dando-lhe, na partilha da cruz, a graça da fé. Ajudai-nos a assistir o nosso próximo que sofre, ainda que este chamamento resultasse em contradição com os nossos projetos e as nossas simpatias. Concedei-nos reconhecer que é uma graça poder partilhar a cruz dos outros e experimentar que dessa forma estamos caminhando Convosco. Fazei-nos reconhecer com alegria que é precisamente pela partilha do vosso sofrimento e dos sofrimentos deste mundo que nos tornamos ministros da salvação, podendo assim ajudar a construir o vosso corpo, a Igreja.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!

Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Sexta Estação - A Verônica limpa o rosto de Jesus

Do livro do profeta Isaías 53, 2-3

2 Deus olha lá dos céus para os filhos dos homens, para ver se há algum que tenha entendimento, que busque a Deus.
3 Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um.


Do livro dos Salmos 27(26), 8-9

8 Quando disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei.
9 Não escondas de mim o teu rosto, não rejeites com ira o teu servo, tu que tens sido a minha ajuda. Não me enjeites nem me desampares, ó Deus da minha salvação.

Meditação

"É, Senhor, o vosso rosto que eu persigo. Não escondais de mim o vosso rosto" (Sal 27/26,8). Verônica - Berenice, segundo a tradição grega - encarna este anseio que irmana todos os homens piedosos do Antigo Testamento, o anseio que provam todos os homens crentes de verem o rosto de Deus. Em todo o caso, na Via-Sacra de Jesus, inicialmente ela limitara-se a prestar um serviço de gentileza feminina: oferecer um lenço a Jesus. Não se deixa contagiar pela brutalidade dos soldados, nem imobilizar pelo medo dos discípulos. É a imagem da mulher bondosa que, perante o turbamento e escuridão dos corações, mantém a coragem da bondade, não permite ao seu coração de entenebrecer-se: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus"
- dissera o Senhor no Discurso da Montanha (Mt 5, 8). Ao princípio, Verônica via apenas um rosto maltratado e marcado pela dor. Mas, o ato de amor imprime no seu coração a verdadeira imagem de Jesus: no Rosto humano, coberto de sangue e de feridas, ela vê o Rosto de Deus e da sua bondade que nos acompanha mesmo na dor mais profunda. Somente com o coração podemos ver Jesus. Apenas o amor nos torna capazes de ver e nos torna puros. Só o amor nos faz reconhecer Deus, que é o próprio amor.

Oração

Senhor, dai-nos a inquietação do coração que procura o vosso rosto. Protegei-nos do obscurecimento do coração que vê apenas a superfície das coisas. Concedei-nos aquela generosidade e pureza de coração que nos tornam capazes de ver a vossa presença no mundo. Quando não formos capazes de realizar grandes coisas, dai-nos a coragem de uma bondade humilde. Imprimi o vosso rosto nos nossos corações, para Vos podermos encontrar e mostrar ao mundo a vossa imagem.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!

Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Sexta-Feira Santa do Ano 2005
Meditações e Orações do Cardeal Joseph Ratzinger

 

VIA SACRA PARTE 2

Terceira Estação - Jesus cai pela primeira vez

Do livro do profeta Isaías 53, 4-6

4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.

Meditação

O homem caiu e continua caindo: quantas vezes ele se torna a caricatura de si mesmo, já não é a imagem de Deus, mas algo que ridiculariza o Criador. Aquele que, ao descer de Jerusalém para Jericó, embateu nos ladrões que o despojaram deixando-o meio morto, sangrando na beira da estrada, não é porventura a imagem por excelência do homem? A queda de Jesus sob a cruz não é apenas a queda do homem Jesus já extenuado pela flagelação. Aqui aparece algo de mais profundo, como diz Paulo na carta aos Filipenses: "Ele que era de condição divina não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si mesmo tomando a condição de servo, tornando-Se semelhante aos homens (…) humilhou-Se a Si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz" (Filipenses 2, 6-8). Na queda de Jesus sob o peso da cruz, é visível todo este seu itinerário: a sua voluntária humilhação para nos levantar do nosso orgulho. E ao mesmo tempo aparece a natureza do nosso orgulho: a soberba pela qual desejamos emancipar-nos de Deus sendo apenas nós mesmos, pela qual cremos que não temos necessidade do amor eterno, mas queremos organizar a nossa vida sozinhos. Nesta revolta contra a verdade, nesta tentativa de nos tornarmos deus, de sermos criadores e juízes de nós mesmos, caímos e acabamos por autodestruir-nos. A humilhação de Jesus é a superação da nossa soberba: com a sua humilhação, Ele faz-nos levantar. Deixemos que nos levante. Despojemos-nos da nossa auto-suficiência, da nossa errada cisma de autonomia e aprendamos o contrário d'Ele, d'Aquele que Se humilhou, ou seja, aprendamos a encontrar a nossa verdadeira grandeza, humilhando-nos e voltando-nos para Deus e para os irmãos espezinhados.

Oração


Senhor Jesus, o peso da cruz fez-Vos cair por terra. O peso do nosso pecado, o peso da nossa soberba deita-Vos ao chão. Mas, a vossa queda não é sinal de um destino adverso, nem é a pura e simples fraqueza de quem é espezinhado. Quisestes vir até junto de nós que, pela nossa soberba, jazemos por terra. A soberba de pensar que somos capazes de produzir o homem fez com que os homens se tenham tornado um espécie de mercadoria para comprar e vender, como que uma reserva de material para as nossas experiências, pelas quais esperamos de, por nós mesmos, superar a morte, quando, na verdade, conseguimos apenas humilhar cada vez mais profundamente a dignidade do homem. Senhor, vinde em nossa ajuda, porque caímos. Ajudai-nos a abandonar a nossa soberba devastadora e, aprendendo da vossa humildade, a pormo-nos novamente de pé.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!


Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Quarta Estação - Jesus encontra sua Mãe

Do evangelho segundo São Lucas 2, 34-35.51

34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,
35 sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
51 Então, descendo com eles, foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração.


Meditação

Na Via-Sacra de Jesus, aparece também Maria, sua Mãe. Durante a sua vida pública, teve de ficar de lado para dar lugar ao nascimento da nova família de Jesus, a família dos seus discípulos. Teve também de ouvir estas palavras: "Quem é a minha Mãe e quem são os meus irmãos? (…) Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mateus 12, 48.50). Pode-se agora constatar que Ela é a Mãe de Jesus não só no corpo, mas também no coração. Ainda antes de O ter concebido no corpo, pela sua obediência concebera-O no coração. Fora-Lhe dito: "Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho (…) Será grande (…) O Senhor Deus dar-Lhe-á o trono de seu pai David" (Lucas 1, 31-32). Mas algum tempo depois ouvira da boca do velho Simeão uma palavra diferente: "Uma espada Te há-de trespassar a alma" (Lucas 2, 35). Deste modo ter-Se-á lembrado de certas palavras pronunciadas pelos profetas, tais como: "Foi maltratado e resignou-se, não abriu a boca, como cordeiro levado ao matadouro" (Is 53, 7). Agora tudo isto se torna realidade. No coração, tinha sempre conservado as palavras que o anjo Lhe dissera quando tudo começou: "Não tenhas receio, Maria" (Lucas 1, 30). Os discípulos fugiram; Ela não foge. Ela está ali, com a coragem de mãe, com a fidelidade de mãe, com a bondade de mãe, e com a sua fé, que resiste na escuridão: "Feliz daquela que acreditou" (Lucas 1, 45). "Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará fé sobre a terra?" (Lucas 18, 8). Sim, agora Ele sabe-o: encontrará fé. E esta é, naquela hora, a sua grande consolação.

Oração

Santa Maria, Mãe do Senhor, permanecestes fiel quando os discípulos fugiram. Tal como acreditastes quando o anjo Vos anunciou o que era incrível - que haverias de ser Mãe do Altíssimo - assim também acreditastes na hora da sua maior humilhação. E foi assim que, na hora da cruz, na hora da noite mais escura do mundo, Vos tornastes Mãe dos crentes, Mãe da Igreja. Nós Vos pedimos: ensinai-nos a acreditar e ajudai-nos para que a fé se torne coragem de servir e gesto de um amor que socorre e sabe partilhar o sofrimento.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!


Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Sexta-Feira Santa do Ano 2005
Meditações e Orações do Cardeal Joseph Ratzinger

 

quarta-feira, 9 de março de 2011

VIA SACRA - PARTE UM

VIA SACRA


Introdução


A Via Crucis é uma pratica piedosa para qual nos convida a Igreja, sobre tudo durante a Quaresma. Via Crucis significa "Caminho da Cruz", também chamada de Estações da Cruz, Via Sacra e Via Dolorosa.

É um caminho de oração que busca que adentremos na meditação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo em seu caminho para o Calvário. O caminho é representado com uma serie de imagens da Paixão, ou "Estações" correspondentes aos incidentes particulares que Jesus sofreu por nossa salvação.

Divide-se em 14 Estações, ante as quais nos detemos para recordar e meditar cada momento doloroso do caminho de Jesus rumo ao Calvário. A Via Crucis se reza de pé, e em alguns momentos de joelhos; detendo-se em cada estação, para recordar o caminho de Jesus ao Calvário, é por isso que as imagens da representação da Via Crucis estão nas paredes, arredor do templo.

   

Inicio  

Inicia-se, como todas as orações cristãs, com Sinal da Cruz; se faz um ato de contrição e uma invocação a Jesus oferecendo o exercício.

Em cada uma das Estações há uma invocação, reconhecendo-nos pecadores e implorando perdão; segue a leitura de uma passagem bíblica; depois uma reflexão para meditar em cada momento e uma oração para nossa vida diária. Se faz a aclamação louvando Jesus por seu Sacrifício e se reza um Pai Nosso, uma Ave-Maria e um Gloria, seguimos caminhando até a Estação seguinte.

     

Primeira Estação - Jesus é condenado à morte

Do evangelho segundo São Mateus 27, 22-26

22 Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja crucificado.
23 Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado.
24 Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco.
25 E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
26 Então lhes soltou Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar, e o entregou para ser crucificado.

Meditação

O Juiz do mundo, que um dia voltará para nos julgar a todos, está ali, aniquilado, insultado e inerme diante do juiz terreno. Pilatos não é um monstro de malvadez. Sabe que este condenado é inocente; procura um modo de O libertar. Mas o seu coração está dividido. E, no fim, faz prevalecer a sua posição, a si mesmo, sobre o direito.

Também os homens que gritam e pedem a morte de Jesus não são monstros de malvadez. Muitos deles, no dia de Pentecostes, sentir-se-ão "emocionados até ao fundo do coração" (Atos dos Apóstolos 2, 37), quando Pedro lhes disser: A Jesus de Nazaré, Homem acreditado por Deus junto de vós, (...), matastes, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa» (Atos dos Apóstolos 2, 22.23). Mas naquele momento sofrem a influência da multidão. Gritam porque os outros gritam e como gritam os outros. E, assim, a justiça é espezinhada pela cobardia, pela pusilanimidade, pelo medo do diktat da mentalidade predominante. A voz subtil da consciência fica sufocada pelos gritos da multidão. A indecisão, o respeito humano dão força ao mal.

Oração

Senhor, fostes condenado à morte porque o medo do olhar alheio sufocou a voz da consciência. E, assim, acontece que, sempre ao longo de toda a história, inocentes sejam maltratados, condenados e mortos. Quantas vezes também nós preferimos o sucesso à verdade, a nossa reputação à justiça. Dai força, na nossa vida, à voz subtil da consciência, à vossa voz. Olhai-me como olhastes para Pedro depois de Vos ter negado. Fazei com que o vosso olhar penetre nas nossas almas e indique a direção à nossa vida. Àqueles que na Sexta-feira Santa gritaram contra Vós, no dia de Pentecostes destes a contrição do coração e a conversão. E assim destes esperança a todos nós. Não cesseis de dar também a nós a graça da conversão.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!

Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Segunda Estação - Jesus é carregado com a cruz

Do evangelho segundo São Mateus 27, 27-31

27 Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a corte.
28 E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate;
29 e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
30 E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça.
31 Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado.


Meditação

Jesus, condenado como pretenso rei, é escarnecido, mas precisamente na troça aparece cruelmente a verdade. Quantas vezes as insígnias do poder trazidas pelos poderosos deste mundo são um insulto à verdade, à justiça e à dignidade do homem! Quantas vezes os seus rituais e as suas grandes palavras, verdadeiramente, não passam de pomposas mentiras, uma caricatura do dever que lhes incumbe por força do seu cargo, ou seja, colocar-se ao serviço do bem. Por isso mesmo, Jesus, Aquele que é escarnecido e que traz a coroa do sofrimento, é o verdadeiro rei. O seu cetro é a justiça (cf. Salmo 45/44, 7). O preço da justiça é sofrimento neste mundo: Ele, o verdadeiro rei, não reina por meio da violência, mas através do amor com que sofre por nós e connosco. Ele carrega a cruz, a nossa cruz, o peso de sermos homens, o peso do mundo. É assim que Ele nos precede e mostra como encontrar o caminho para a vida verdadeira.

Oração

Senhor, deixastes que Vos escarnecessem e ultrajassem. Ajudai-nos a não fazer coro com aqueles que escarnecem quem sofre e quem é frágil. Ajudai-nos a reconhecer o vosso rosto em quem é humilhado e marginalizado. Ajudai-nos a não desanimar perante as zombarias do mundo quando a obediência à vossa vontade é metida a ridículo. Carregastes a cruz e convidastes-nos a seguir-Vos por este caminho (Mateus 10, 38). Ajudai-nos a aceitar a cruz, a não fugir dela, a não lamentarmo-nos nem deixar que os nossos corações se abatam com as provas da vida. Ajudai-nos a percorrer o caminho do amor e, obedecendo às suas exigências, a alcançar a verdadeira alegria.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!

Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.

Sexta-Feira Santa do Ano 2005
Meditações e Orações do Cardeal Joseph Ratzinger


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII