IRMÃOS. VOLTAMOS A ATUALIZAR ESTE BLOG.

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

QUE SÃO VALORES?


ESTUDO DOS VALORES

INVERSÃO DA ESCALA DE VALORES

QUE SÃO VALORES?  É UMA COISA IMPOSTANTE PARA A NOSSE VIDA...
O QUE VALE MAIS PARA NOSSA VIDA?      SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, BRINCAR
QUAIS OS PROFISIONAIS QUE A SOCIEDADE DÁ MAIS VALOR?   O MÉDICO, O EMPRESÁRIO...  E QUAIS OS QUE SÃO MENOS VALORIZADOS? LIXEIRO, RABALHADORES BRAÇAIS...
JÁ PENSOU SE NINGUÉM QUISESSE PEGAR O NOSSO LIXO?
QUAL O PROFISSIONAL REALMENTE MAIS IMPORTANTE?
ESTORINHA DO HOMEM MAIS IMPORTANTE DA CIDADE

NO TEMPO DE JESUS OS JUDEUS VALORISAVAM A RIQUEZA
JESUS INVERTEU AQUELA ESCALA DE VALORES ERRADA E INJUSTA
TIPOS DE VALORES:
VALORES UNIVERSAIS
VALORES PESSOAIS
VALORES CULTURAIS
VALORES MORAIS
VALORES MATERIAIS
VLORES ESPIRITUAIS
OS VALORES MUDAM NO TEMPO E NO ESPAÇO
NO TEMPO : QUANDO EU ERA CRIANÇA  GOSTAVA DE BRINCAR
HOJE, DEPOIS DE CRESCER, A BRINCADEIRA MUDOU DE NOME. CHAMA-SE DEVERSÃO.
NO ESPAÇO: UM AVIÃO SOBREVOANDO O DESERTO COM 500 BARRAS DE OURO
SE ACONTECER UM INCÊNCIO E O AVIÃO CAIR, O OURO NÃO VALE NADA. POIS O QUE TERIA MAIS VALOR SERIA UNS COPOS DE ÁGUA PARA NÃO MORRER DE SEDE...
ESCALA DE VALORES:
OS VALORES ESTÃO DISPOSTOS EM UMA ESCALA DE VALORES
UNS SÃO MAIS IMPORTANTES QUE OUTROS.
NESTE INSTANTE O VALOR MAIS IMPORTANTE É... DORMIR, ALMOÇAR, OU PRESTAR ATENÇÃO À AULA. DEPENDE DE QUANDO E ONDE VOCÊ ESTIVER...
LEIS POSITIVAS (CONSCIÊNCIA) NÃO MATAR  -NÃO MATAR)
LEIS ESCRITAS PELO HOMEM
JESUS RESUMIU TUDO EM DOIS MANDAMENTOS
TODAS AS LEIS SÃO BASEADAS NESSE DOIS MANDAMENTOS
SE TODOS OBEDECESSEM, NÃO PRECISARIA: PRISÃO, ADVOGADO, POLÍCIA, DELEGADO, ETC
INVERSÃO NA ESCALA DE VALORES
AS PESSOAS QUE AGEM CONTRA AS LEIS
INVERTEM A ESCALA DE IMPORTÂNCIA DOS VALORES.
EXEMPLO: A HONESTIDADE PASSA A SER UMA BOBAGEM.
O BOM ALUNO PARA ELE É UM NERD, UM BOBÃO
OS FORAS DA LEI TROCAM OS VALORES
A TV E O CINEMA  -  FAZEM LAVAGEM CEREBRAL
PARA A GENTE COMPRAR
PARA A GENTE FAZER O MAL

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JESUS INVERTE OS VALORES
 (lucas 6,20-26)- (O Sermão da Montanha)

No evangelho de hoje Jesus inverte a escala de valores dos judeus.  Mais o que é uma escala de valores?  Veja bem. No tempo de Jesus, os judeus assim como hoje, achavam que as coisas que valem mais são os bens materiais, como casa, terrenos fazendas e outras propriedades.
Quais as coisas mais importantes para a nossa existência hoje?  Saúde, dinheiro, fama, posição social. Qual a profissão mais importante? Todos respondem sem pestanejar. Médico. Qual a pior profissão? Lixeiro.
Os valores mudam no tempo e no espaço. 
No tempo: Quando você era pequena, brincava de boneca. Hoje, com quinze anos, boneca nem pensar.
No espaço: Um sujeito sobrevoando a África em um monomotor com uma maleta cheia de notas de 100,00 no valor de 900 mil reais. Ele está pensando com um sorriso nos lábios, eu tudo que ele pode comprar com todo aquele dinheiro.  De repente um estouro. A hélice parou. Olha para baixo só vê areia. É o mortal Deserto de Sahara!
Já no chão, ou melhor, na areia com o sol torrando sua cara, logo após umas 4 horas de banho de sol forçado, bate uma sede de doer a garganta, e ele pensa, em grande desespero!  Eu pagaria mil reais por uma jarra de água gelada!
Viu? Ali na areia do deserto sua maleta de dinheiro, não vale nada!  É triste pensar também que quando estivermos dentro do caixão toda a nossa riqueza não nos servirão de mais nada!  
Pense: Só Deus e a vida eterna são valores imutáveis.
Os valores estão classificados em uma escala de importância. Uns valem mais que outro. Para aquele sobrevivente na areia do deserto, a coisa que tinha mais valor naquele momento de desespero, não era a maleta de dinheiro, mais sim uns copos de água.
Jesus no seu discurso inverte a escala de importância dos valores. As coisas que para a elite representada pelos saduceus, fariseus, escribas e sacerdotes valiam mais, Jesus desvalorizou.  dando maior valor exatamente o que eles desprezavam ou desvalorizavam.
Felizes são os pobres que passam fome... (ao contrário do que todos pensavam.)  ...e felizes os que choram porque: Serão saciados e vão rir muito... onde? NA VIDA ETERNA UM DIA.
Sal 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

3 TRUQUES BÁSICOS PARA ACORDAR AS CRIANÇAS



Qual o catequista que nunca sentiu a sua audiência a dormir? Há pequenos truques para cativar a atenção, ou para acordar algum distraído, sempre com duplo efeito. Além de resgatarem a atenção daqueles que nos ouvem, ajudam também a (re)definir a direção da conversa. Os truques não são mágicos. Mas apesar disso, aqui estão eles.
1. Chama-me pelo nome.
É o que de mais pessoal temos na vida. O nome é identidade, e quando alguém é chamado pelo seu nome, a sua reação é imediata. O cérebro dispara um “Quem? Eu?” e isso é o suficiente para agarrar por milisegundos a atenção de alguém. Genial, Sherlock. E agora?
Agora vem a parte complicada: focar a atenção no tema apresentado. E aqui estão alguns exemplos.
Despertar a atenção, em vez de reclamar através do nome. “Por exemplo, aqui o Rui sabe muito bem aquilo que eu estou a dizer, não sabes?”. É introduzi-los no contexto. “Reparem, eu sei que o Rui era incapaz de o fazer, mas... e outra criança que nunca tenha tido uns pais tão carinhosos?”.
2. Pergunta distraída.
Muitas vezes utiliza-se a “pergunta ao mais distraído” como método de intimidação. O que não poderia estar mais errado, embora compreenda a tentação em usar este método.
Quando falo em “pergunta distraída”, refiro-me a algo ligeiramente diferente. Trata-se de uma pergunta distraída para alguém distraído. Ou seja, a pergunta leva inocência e leveza para ajudar a outra pessoa a entrar na conversa. Como o fazer? Através do exercício da retórica. Repara.
Pergunta retórica. “Bruno, sabes-me dizer porquê?”. Pausa breve. Silêncio do Bruno. “Exacto, Bruno. Nem sempre a resposta é óbvia, deixa-me tentar explicar-te, por favor”.
Pergunta guia-retórica. “Ó Bruno, tens alguma idéia da importância disto?”. Breve pausa. Silêncio do Bruno. “Como seria um mundo sem regras?”. Confuso. “Achas que posso confiar nos apetites das pessoas para dizer o que é bom e o que é mau?”.
3. Silêncio falante.
O silêncio também pode falar. Aliás, o silêncio tem que falar. E precisa do seu lugar de destaque em todos os encontros de catequese. Para o Bruno, ainda há pouco, o silêncio foi a melhor resposta. Mas o silêncio, da parte do catequista, surge com outro propósito e manifesta-se de duas formas essenciais.
Pelo contraste. Quando existe muito ruído de fundo, criado pelo próprio discurso do catequista, uma paragem para respirar é a melhor técnica disponível. Encher o ambiente com silêncio, na medida certa, traz uma nova dinâmica às palavras. Resultado: mais e melhores ouvintes.
Pela expectativa. Pode terminar com uma palavra entoada, com uma pergunta esquisita, ou até terminar a meio de alguma frase fora de contexto. O silêncio expectante levanta a cabeça de pelo menos 80% dos distraídos. Usualmente acompanhado da expressão facial equivalente a “Uh? Ele disse o quê? Ouvi mal, de certeza...”.
Quanto aos outros 20%, em caso de persistência de sintomas, é favor usar as técnicas acima mencionadas.
Os truques, apesar de básicos, são muitas vezes esquecidos. Por mais activo que o catequista seja, existe sempre alguém a precisar de ser acordado. Quer por desinteresse pessoal, quer por incapacidade natural de escutar por muito tempo. E o ‘catequista profissional’ não deixa as ferramentas de expressão por mãos alheias.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

QUALIDADES DE UM BOM CATEQUISTA



1. O catequista deve ter uma espiritualidade profunda de adesão a Jesus Cristo e à Igreja. Deve testemunhar por sua vida, seu compromisso com Cristo, a Igreja e sua comunidade. Deve ser uma pessoa de oração e alimentar sua vida com a Palavra de Deus.

2. Deve ser uma pessoa integrada na sua comunidade. A catequese, hoje, deve ser comunitária.

3. O Catequista precisa de uma consciência crítica diante de fatos e acontecimentos. Deve levar a comunidade à reflexão sobre a sua realidade, à luz da Palavra de Deus.

4. Ter sempre uma atitude de animador. Saber ouvir e dialogar, caminhando junto com a comunidade.

5. O catequista deve conhecer a fundo a mensagem que vai transmitir. Deve conhecer a Bíblia e saber interpretá-la; deve saber ligar a vida à Palavra de Deus e vice-versa.

6. O catequista precisa ter também certas qualidades "humanas":

- ser uma pessoa psicologicamente equilibrada;

- saber trabalhar em equipe, ter uma certa liderança e ser criativo;

- ser uma pessoa responsável e perseverante. Responsabilidade e pontualidade são necessárias;

- ter amor aos catequizandos e ter algumas noções de psicologia, didática e técnica de grupo;

- sentir dentro de si a vocação de catequista.

7. O catequista deve cuidar constantemente da sua formação. Nunca pode dizer que está pronto para sua tarefa. Precisamos de uma formação permanente:

- através de dias de encontro, reflexão e oração com os catequistas da sua comunidade;

- planejando e programando junto com os outros, ajudando-se assim mutuamente;

- participando de cursos dentro da própria comunidade ou paróquia,ou fora;

- lendo bastante, atualizando-se sempre, estudando os documentos da Igreja sobre catequese e outros assuntos atuais;

- formando o grupo dos catequistas.

8. Outras qualidades:

Ninguém nasce catequista. Aqueles que são chamados a esse serviço tornam-se bons catequistas através da prática, da reflexão, da formação adequada, da conscientização de sua importância como educadores da fé.

O catequista exerce um verdadeiro ministério, isto é, um serviço. E como nos diz o documento Catechesi Tradendae (A catequese hoje) a "atividade catequética é uma tarefa verdadeiramente primordial na missão da Igreja".

O catequista não age sozinho, mas em comunhão com a Igreja, com o grupo de catequistas. O grupo de catequistas expressa o caráter comunitário da tarefa catequética. E com o grupo que ele revê suas ações, planeja, aprofunda os conteúdos, reza e reflete.

O catequista necessita das seguintes qualidades:

• Ser uma pessoa com equilíbrio psicológico;

• Ter capacidade de diálogo, criatividade e iniciativa, saber trabalhar em equipe;

• Ser perseverante, pontual e responsável;

• Ser participativo, engajado nas atividades da paróquia, da comunidade e ter espírito de serviço;

• Ter vida de oração, leitura e meditação diária da Palavra de Deus;

• Ter espírito crítico e discernimento diante da realidade;

• Ser capaz de respeitar a individualidade de cada pessoa.

Isso não significa que exista uma pessoa que tenha todas essas qualidades, mas que devemos procurar desenvolvê-las no nosso dia-a-dia, pois se somos chamados, escolhidos por Jesus, Ele nos dá a graça para alcançá-las."

9. Uma paróquia onde não se prega a vivência de Jesus Vivo e Sacramentado e sim um Cristo histórico, como numa escola de catecismo, sem a preocupação de se criar um amor entre o catequizando e Deus.

Veja que o que é proposto pelas diretrizes, digamos, é o modelo ideal, o ápice de uma catequese renovada e cumpridora do papel de evangelizadora. E, neste ponto, entramos num campo mais delicado e surge uma dúvida: 'Como praticar e ser fiel a este modelo?'

Acredito que para começarmos a alcançar esta meta é necessário insistir na: humildade e misericórdia

Ninguém sabe tudo. Um catequista soberbo que não está aberto a uma formação continuada, está fora da vida sacramental (liturgia, confissão, etc), como poderá testemunhar e enfim, convencer aos catequizandos do amor de Deus? Humildemente devemos reconhecer nossas limitações e que devemos estar em constante renovação. Não confunda com inovação, ou seja, mudança métodos ou de imagem, por exemplo quando você compra uma roupa nova você está apenas inovando seu visual e está aparentemente bonita mas não há mudança real na pessoa que continua a mesma antes da roupa nova. Renovar é transformar de dentro para fora, é fazer tudo novo, reestruturado, melhorado. E para isso, estudo e vivência da Palavra de Deus, dos Sacramentos e da Doutrina da Igreja é fundamental, para que renovada, a pessoa sempre busque no dia-a-dia viver com ardor e paixão a vocação de catequista, pois nós amamos aquilo que conhecemos. E quando temos um grande amigo, falamos com nossas ações o amor que temos por ele. Pergunto: "Catequista, tu és meu amigo, tu me amas?" Reflita a passagem no Evangelho de João capítulo 21, versículos de 15 a 19.

'E se o catequista não quer viver, estudar ou se deixar moldar por este modelo?' Digo tanto para aquele que faz a pergunta e para aquele que lhe é dirigido: usai da misericórdia.

Nossa mãe Igreja Católica é sábia. E nos dá o caminho a percorrer ensinando-nos: "As obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem te sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros, sepultar os mortos. Dentre esses gestos de misericórdia, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna. É também uma prática de justiça que agrada a Deus" (CIC 2447)

Medite: "O verdadeiro desenvolvimento abrange o homem inteiro. O que importa é fazer crescer a capacidade de cada pessoa de responder à sua vocação, portanto, ao chamamento de Deus." (CIC 2461)




sexta-feira, 11 de março de 2011

VIA SACRA PARTE 3

Quinta Estação - Jesus é ajudado a levar a cruz pelo Cireneu

Do evangelho segundo São Mateus 27, 32; 16, 24


32 Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.
24 Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.

Meditação

Simão de Cirene regressa do trabalho, vai a caminho de casa quando se cruza com aquele triste cortejo de condenados - para ele talvez fosse um espetáculo habitual. Os soldados valem-se do seu direito de coação e colocam a cruz às costas dele, robusto homem do campo.

Que aborrecimento não deverá ter sentido ao ver-se inesperadamente envolvido no destino daqueles condenados! Faz o que deve fazer, mas certamente com grande relutância. O evangelista Marcos nomeia, juntamente com ele, também os seus filhos, que evidentemente eram conhecidos como cristãos, como membros daquela comunidade (Marcos 15, 21). Do encontro involuntário, brotou a fé. Acompanhando Jesus e compartilhando o peso da cruz, o Cireneu compreendeu que era uma graça poder caminhar juntamente com este Crucificado e assisti-Lo. O mistério de Jesus que sofre calado tocou-lhe o coração. Jesus, cujo amor divino era o único que podia, e pode, redimir a humanidade inteira, quer que compartilhemos a sua cruz para completar o que ainda falta aos seus sofrimentos (Col 1, 24). Sempre que, bondosamente, vamos ao encontro de alguém que sofre, alguém que é perseguido e inerme, partilhando o seu sofrimento ajudamos a levar a própria cruz de Jesus. E assim obtemos salvação, e nós mesmos podemos contribuir para a salvação do mundo.

Oração

Senhor, abristes a Simão de Cirene os olhos e o coração, dando-lhe, na partilha da cruz, a graça da fé. Ajudai-nos a assistir o nosso próximo que sofre, ainda que este chamamento resultasse em contradição com os nossos projetos e as nossas simpatias. Concedei-nos reconhecer que é uma graça poder partilhar a cruz dos outros e experimentar que dessa forma estamos caminhando Convosco. Fazei-nos reconhecer com alegria que é precisamente pela partilha do vosso sofrimento e dos sofrimentos deste mundo que nos tornamos ministros da salvação, podendo assim ajudar a construir o vosso corpo, a Igreja.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!

Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Sexta Estação - A Verônica limpa o rosto de Jesus

Do livro do profeta Isaías 53, 2-3

2 Deus olha lá dos céus para os filhos dos homens, para ver se há algum que tenha entendimento, que busque a Deus.
3 Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um.


Do livro dos Salmos 27(26), 8-9

8 Quando disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei.
9 Não escondas de mim o teu rosto, não rejeites com ira o teu servo, tu que tens sido a minha ajuda. Não me enjeites nem me desampares, ó Deus da minha salvação.

Meditação

"É, Senhor, o vosso rosto que eu persigo. Não escondais de mim o vosso rosto" (Sal 27/26,8). Verônica - Berenice, segundo a tradição grega - encarna este anseio que irmana todos os homens piedosos do Antigo Testamento, o anseio que provam todos os homens crentes de verem o rosto de Deus. Em todo o caso, na Via-Sacra de Jesus, inicialmente ela limitara-se a prestar um serviço de gentileza feminina: oferecer um lenço a Jesus. Não se deixa contagiar pela brutalidade dos soldados, nem imobilizar pelo medo dos discípulos. É a imagem da mulher bondosa que, perante o turbamento e escuridão dos corações, mantém a coragem da bondade, não permite ao seu coração de entenebrecer-se: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus"
- dissera o Senhor no Discurso da Montanha (Mt 5, 8). Ao princípio, Verônica via apenas um rosto maltratado e marcado pela dor. Mas, o ato de amor imprime no seu coração a verdadeira imagem de Jesus: no Rosto humano, coberto de sangue e de feridas, ela vê o Rosto de Deus e da sua bondade que nos acompanha mesmo na dor mais profunda. Somente com o coração podemos ver Jesus. Apenas o amor nos torna capazes de ver e nos torna puros. Só o amor nos faz reconhecer Deus, que é o próprio amor.

Oração

Senhor, dai-nos a inquietação do coração que procura o vosso rosto. Protegei-nos do obscurecimento do coração que vê apenas a superfície das coisas. Concedei-nos aquela generosidade e pureza de coração que nos tornam capazes de ver a vossa presença no mundo. Quando não formos capazes de realizar grandes coisas, dai-nos a coragem de uma bondade humilde. Imprimi o vosso rosto nos nossos corações, para Vos podermos encontrar e mostrar ao mundo a vossa imagem.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!

Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Sexta-Feira Santa do Ano 2005
Meditações e Orações do Cardeal Joseph Ratzinger

 

VIA SACRA PARTE 2

Terceira Estação - Jesus cai pela primeira vez

Do livro do profeta Isaías 53, 4-6

4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.

Meditação

O homem caiu e continua caindo: quantas vezes ele se torna a caricatura de si mesmo, já não é a imagem de Deus, mas algo que ridiculariza o Criador. Aquele que, ao descer de Jerusalém para Jericó, embateu nos ladrões que o despojaram deixando-o meio morto, sangrando na beira da estrada, não é porventura a imagem por excelência do homem? A queda de Jesus sob a cruz não é apenas a queda do homem Jesus já extenuado pela flagelação. Aqui aparece algo de mais profundo, como diz Paulo na carta aos Filipenses: "Ele que era de condição divina não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si mesmo tomando a condição de servo, tornando-Se semelhante aos homens (…) humilhou-Se a Si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz" (Filipenses 2, 6-8). Na queda de Jesus sob o peso da cruz, é visível todo este seu itinerário: a sua voluntária humilhação para nos levantar do nosso orgulho. E ao mesmo tempo aparece a natureza do nosso orgulho: a soberba pela qual desejamos emancipar-nos de Deus sendo apenas nós mesmos, pela qual cremos que não temos necessidade do amor eterno, mas queremos organizar a nossa vida sozinhos. Nesta revolta contra a verdade, nesta tentativa de nos tornarmos deus, de sermos criadores e juízes de nós mesmos, caímos e acabamos por autodestruir-nos. A humilhação de Jesus é a superação da nossa soberba: com a sua humilhação, Ele faz-nos levantar. Deixemos que nos levante. Despojemos-nos da nossa auto-suficiência, da nossa errada cisma de autonomia e aprendamos o contrário d'Ele, d'Aquele que Se humilhou, ou seja, aprendamos a encontrar a nossa verdadeira grandeza, humilhando-nos e voltando-nos para Deus e para os irmãos espezinhados.

Oração


Senhor Jesus, o peso da cruz fez-Vos cair por terra. O peso do nosso pecado, o peso da nossa soberba deita-Vos ao chão. Mas, a vossa queda não é sinal de um destino adverso, nem é a pura e simples fraqueza de quem é espezinhado. Quisestes vir até junto de nós que, pela nossa soberba, jazemos por terra. A soberba de pensar que somos capazes de produzir o homem fez com que os homens se tenham tornado um espécie de mercadoria para comprar e vender, como que uma reserva de material para as nossas experiências, pelas quais esperamos de, por nós mesmos, superar a morte, quando, na verdade, conseguimos apenas humilhar cada vez mais profundamente a dignidade do homem. Senhor, vinde em nossa ajuda, porque caímos. Ajudai-nos a abandonar a nossa soberba devastadora e, aprendendo da vossa humildade, a pormo-nos novamente de pé.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!


Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Quarta Estação - Jesus encontra sua Mãe

Do evangelho segundo São Lucas 2, 34-35.51

34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,
35 sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
51 Então, descendo com eles, foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração.


Meditação

Na Via-Sacra de Jesus, aparece também Maria, sua Mãe. Durante a sua vida pública, teve de ficar de lado para dar lugar ao nascimento da nova família de Jesus, a família dos seus discípulos. Teve também de ouvir estas palavras: "Quem é a minha Mãe e quem são os meus irmãos? (…) Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mateus 12, 48.50). Pode-se agora constatar que Ela é a Mãe de Jesus não só no corpo, mas também no coração. Ainda antes de O ter concebido no corpo, pela sua obediência concebera-O no coração. Fora-Lhe dito: "Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho (…) Será grande (…) O Senhor Deus dar-Lhe-á o trono de seu pai David" (Lucas 1, 31-32). Mas algum tempo depois ouvira da boca do velho Simeão uma palavra diferente: "Uma espada Te há-de trespassar a alma" (Lucas 2, 35). Deste modo ter-Se-á lembrado de certas palavras pronunciadas pelos profetas, tais como: "Foi maltratado e resignou-se, não abriu a boca, como cordeiro levado ao matadouro" (Is 53, 7). Agora tudo isto se torna realidade. No coração, tinha sempre conservado as palavras que o anjo Lhe dissera quando tudo começou: "Não tenhas receio, Maria" (Lucas 1, 30). Os discípulos fugiram; Ela não foge. Ela está ali, com a coragem de mãe, com a fidelidade de mãe, com a bondade de mãe, e com a sua fé, que resiste na escuridão: "Feliz daquela que acreditou" (Lucas 1, 45). "Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará fé sobre a terra?" (Lucas 18, 8). Sim, agora Ele sabe-o: encontrará fé. E esta é, naquela hora, a sua grande consolação.

Oração

Santa Maria, Mãe do Senhor, permanecestes fiel quando os discípulos fugiram. Tal como acreditastes quando o anjo Vos anunciou o que era incrível - que haverias de ser Mãe do Altíssimo - assim também acreditastes na hora da sua maior humilhação. E foi assim que, na hora da cruz, na hora da noite mais escura do mundo, Vos tornastes Mãe dos crentes, Mãe da Igreja. Nós Vos pedimos: ensinai-nos a acreditar e ajudai-nos para que a fé se torne coragem de servir e gesto de um amor que socorre e sabe partilhar o sofrimento.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!


Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Sexta-Feira Santa do Ano 2005
Meditações e Orações do Cardeal Joseph Ratzinger

 

quarta-feira, 9 de março de 2011

VIA SACRA - PARTE UM

VIA SACRA


Introdução


A Via Crucis é uma pratica piedosa para qual nos convida a Igreja, sobre tudo durante a Quaresma. Via Crucis significa "Caminho da Cruz", também chamada de Estações da Cruz, Via Sacra e Via Dolorosa.

É um caminho de oração que busca que adentremos na meditação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo em seu caminho para o Calvário. O caminho é representado com uma serie de imagens da Paixão, ou "Estações" correspondentes aos incidentes particulares que Jesus sofreu por nossa salvação.

Divide-se em 14 Estações, ante as quais nos detemos para recordar e meditar cada momento doloroso do caminho de Jesus rumo ao Calvário. A Via Crucis se reza de pé, e em alguns momentos de joelhos; detendo-se em cada estação, para recordar o caminho de Jesus ao Calvário, é por isso que as imagens da representação da Via Crucis estão nas paredes, arredor do templo.

   

Inicio  

Inicia-se, como todas as orações cristãs, com Sinal da Cruz; se faz um ato de contrição e uma invocação a Jesus oferecendo o exercício.

Em cada uma das Estações há uma invocação, reconhecendo-nos pecadores e implorando perdão; segue a leitura de uma passagem bíblica; depois uma reflexão para meditar em cada momento e uma oração para nossa vida diária. Se faz a aclamação louvando Jesus por seu Sacrifício e se reza um Pai Nosso, uma Ave-Maria e um Gloria, seguimos caminhando até a Estação seguinte.

     

Primeira Estação - Jesus é condenado à morte

Do evangelho segundo São Mateus 27, 22-26

22 Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja crucificado.
23 Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado.
24 Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco.
25 E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
26 Então lhes soltou Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar, e o entregou para ser crucificado.

Meditação

O Juiz do mundo, que um dia voltará para nos julgar a todos, está ali, aniquilado, insultado e inerme diante do juiz terreno. Pilatos não é um monstro de malvadez. Sabe que este condenado é inocente; procura um modo de O libertar. Mas o seu coração está dividido. E, no fim, faz prevalecer a sua posição, a si mesmo, sobre o direito.

Também os homens que gritam e pedem a morte de Jesus não são monstros de malvadez. Muitos deles, no dia de Pentecostes, sentir-se-ão "emocionados até ao fundo do coração" (Atos dos Apóstolos 2, 37), quando Pedro lhes disser: A Jesus de Nazaré, Homem acreditado por Deus junto de vós, (...), matastes, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa» (Atos dos Apóstolos 2, 22.23). Mas naquele momento sofrem a influência da multidão. Gritam porque os outros gritam e como gritam os outros. E, assim, a justiça é espezinhada pela cobardia, pela pusilanimidade, pelo medo do diktat da mentalidade predominante. A voz subtil da consciência fica sufocada pelos gritos da multidão. A indecisão, o respeito humano dão força ao mal.

Oração

Senhor, fostes condenado à morte porque o medo do olhar alheio sufocou a voz da consciência. E, assim, acontece que, sempre ao longo de toda a história, inocentes sejam maltratados, condenados e mortos. Quantas vezes também nós preferimos o sucesso à verdade, a nossa reputação à justiça. Dai força, na nossa vida, à voz subtil da consciência, à vossa voz. Olhai-me como olhastes para Pedro depois de Vos ter negado. Fazei com que o vosso olhar penetre nas nossas almas e indique a direção à nossa vida. Àqueles que na Sexta-feira Santa gritaram contra Vós, no dia de Pentecostes destes a contrição do coração e a conversão. E assim destes esperança a todos nós. Não cesseis de dar também a nós a graça da conversão.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!

Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII
Catedral de Pádua

   

Segunda Estação - Jesus é carregado com a cruz

Do evangelho segundo São Mateus 27, 27-31

27 Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a corte.
28 E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate;
29 e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
30 E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça.
31 Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado.


Meditação

Jesus, condenado como pretenso rei, é escarnecido, mas precisamente na troça aparece cruelmente a verdade. Quantas vezes as insígnias do poder trazidas pelos poderosos deste mundo são um insulto à verdade, à justiça e à dignidade do homem! Quantas vezes os seus rituais e as suas grandes palavras, verdadeiramente, não passam de pomposas mentiras, uma caricatura do dever que lhes incumbe por força do seu cargo, ou seja, colocar-se ao serviço do bem. Por isso mesmo, Jesus, Aquele que é escarnecido e que traz a coroa do sofrimento, é o verdadeiro rei. O seu cetro é a justiça (cf. Salmo 45/44, 7). O preço da justiça é sofrimento neste mundo: Ele, o verdadeiro rei, não reina por meio da violência, mas através do amor com que sofre por nós e connosco. Ele carrega a cruz, a nossa cruz, o peso de sermos homens, o peso do mundo. É assim que Ele nos precede e mostra como encontrar o caminho para a vida verdadeira.

Oração

Senhor, deixastes que Vos escarnecessem e ultrajassem. Ajudai-nos a não fazer coro com aqueles que escarnecem quem sofre e quem é frágil. Ajudai-nos a reconhecer o vosso rosto em quem é humilhado e marginalizado. Ajudai-nos a não desanimar perante as zombarias do mundo quando a obediência à vossa vontade é metida a ridículo. Carregastes a cruz e convidastes-nos a seguir-Vos por este caminho (Mateus 10, 38). Ajudai-nos a aceitar a cruz, a não fugir dela, a não lamentarmo-nos nem deixar que os nossos corações se abatam com as provas da vida. Ajudai-nos a percorrer o caminho do amor e, obedecendo às suas exigências, a alcançar a verdadeira alegria.

Abençoada e louvada seja a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e as dores de sua Santíssima Mãe aos pés da Cruz. Assim seja!

Rezar: Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.

Sexta-Feira Santa do Ano 2005
Meditações e Orações do Cardeal Joseph Ratzinger


Via-Sacra - Escola Veneziana
Século XVIII

 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

REFLEXÃO SOBRE A QUARESMA

A Quaresma e o deserto


A Quaresma traz-nos aos olhos a velha imagem do deserto. Gerações de cristãos, seguindo o Povo de Deus e acompanhando a Cristo, têm sentido seu chamado em seu caminho de busca de Deus até convertê-lo em elemento básico de sabedoria cristã.

Lugar para o encontro com Deus

O deserto é um dos conceitos bíblicos de significado mais profundo. Pertence à sabedoria básica do homem espiritual. Fez-se caminho obrigatório para o povo de Deus até a terra prometida e lugar do encontro com Deus. Moisés, Elias, João o Batista e mesmo Jesus, foram homens do deserto. O deserto é esse espaço hostil, que obriga à luta tanto como à confiança, e se converte em pedagogia de Deus para avançar, intensificar o olhar vigilante e interiorizar a fé, a fim de reconhecer a presença de Deus e denunciar toda a idolatria.

Espaço de misericórdia

Na mentalidade do povo de Deus, o deserto era o âmbito reservado aos malditos e aos deserdados. No entanto, em seu passo errante e obrigado por ele, é onde experimentará as maiores manifestações de amor por parte de Deus. Ali é onde Deus estabeleceu sua Aliança com seu povo e onde este a porá a prova uma e outra vez até que fique sobradamente confirmada. A misericórdia de Deus brilhará deslumbrante sobre a ingratidão do povo. E o deserto será testemunha privilegiada dessa ação salvífica, misericordiosa, de Deus. Aos prodígios iniciais da libertação e da aliança vai-se somando a superação das provas e das tentações, através das quais o povo experimenta como o amor de Deus se expressa em termos íntimos de noivado e de casamento místico: "Eis o que diz o Senhor: foi concedida graça no deserto ao povo que o gládio poupara. Dentro em pouco Israel gozará de repouso. De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor'' (Jeremias 31, 2-3). Os profetas recordarão ao povo aquela experiência como um momento de meditação: "Devastarei sua vinha e sua figueira, das quais dizia: Eis a paga que me deram meus amantes. Farei delas um matagal, que os animais selvagens devorarão" (Oseías, 2, 14). João o Batista é o homem do deserto por excelência; corpo endurecido, voz que clama à conversão: sua existência faz-se caminho para o Senhor. Jesus, após o batismo, viverá no deserto uma experiência de prova que lhe levará à plena aceitação de sua própria identidade e da missão encomendada. A mesma Igreja terá sua experiência de deserto. Aparece no Apocalipse. A mulher-igreja é levada ao deserto, lugar que Deus lhe preparou como refúgio, purificação, prova e superação da perseguição: toda uma experiência de salvação que a igreja tem de viver com fidelidade.

Florescerá o deserto

Na história da espiritualidade, o deserto tem protagonizado diferentes, e inclusive contrapostas, experiências. A destacar, a dos essênios, comunidade judia de ascetas, que viveram junto ao mar Morto no século II antes de Cristo. O historiador Plínio deixou testemunho de seu estilo de vida. Os escritos que nos deixaram em Qumrán têm servido para melhorar nosso entendimento da Bíblia. Ascese (palavra grega que significa simplesmente exercício. Religiosamente, comporta esforços, renúncias e penitências em vista da perfeição) e solidão buscaram muitos cristãos no deserto, que, a partir do século II e IV, fugindo do mundo, sonhavam com a profecia de Isaías: "Os infelizes que buscam água e não a encontram e cuja língua está ressequida pela sede, eu, o Senhor, os atenderei, eu, o Deus de Israel, não os abandonarei. Sobre os planaltos desnudos, farei correr água, e brotar fontes no fundo dos vales. Transformarei o deserto em lagos, e a terra árida em fontes. Plantarei no deserto cedros e acácias, murtas e oliveiras; farei crescer nas estepes o cipreste, ao lado do olmo e do buxo,  a fim de que saibam à evidência, e pela observação compreendam, que foi a mão do Senhor que fez essas coisas, e o Santo de Israel quem as realizou." (Is 41,17-20). Pouco a pouco, esta experiência se encherá de um novo sentido, quando muitos começaram a buscar na solidão um lugar para a intimidade com Deus. São Bernardo convidava a isso: "O que deseje ouvir a voz de Deus que se retire para a solidão. Esta voz não se deixa ouvir nas praças". E São Bruno: "que delícia oferece a solidão e o silêncio do ermitão... Aqui, o olho adquire essa olhar singelo que fere de amor ao Esposo!"

Nossos desertos

Para a sabedoria cristã, o deserto converteu-se em símbolo e paradigma, A cada qual tem ante si um deserto para cruzar, que pode adotar muitas formas. A sabedoria estará em cruzá-lo, superando as tentações e ameaças. Surge, por exemplo, ante a experiência de envelhecer, de cair doente, de padecer das conseqüências de um acidente. Cruzar este tipo de deserto faz-se longo e penoso: esquecemos a clareza do céu; a fadiga e a dor exercem um pesado obstáculo. Aceitar esse fato, no entanto, pode acordar em nós um oásis. Outras vezes, é o deserto da falta de amor, a solidão: a distância que nos separa de outros seres humanos que nos torna enfraquecidos. Ainda que estejam pertos, falta comunhão; há uma ruptura dura e dolorosa. Os outros pensam, vivem e amam "de outra forma". Tudo isso, em sentido positivo, pode dar lugar ao oportuno desapego do outro, a renunciar ao possuir, e que nessa renúncia nos dê a alegria de "ser como ele". Há quem, no crepúsculo das idéias e dos sonhos, chegam a experimentar uma espécie de ausência de Deus, o sem sentido de muitas coisas, a aridez da fé, que alguém chamaria de "Noite escura". Parece que Deus se retira e se oculta, que nos abandona. Porém não é assim. O que nos abandona são nossas ilusões e fantasias; a fé não se perde, pelo contrário se começa a aprofundar nela quando perdemos nossas "crenças".

Resumindo

Resumindo os traços característicos de sabedoria espiritual do deserto, diríamos:

Somos chamados a buscar um marco de silencio e solidão para percorrer nosso caminho interior.
Devemos viver o sentido da passagem, de purificação e de provisionalidade.
Devemos ter confiança para caminhar às cegas e na austeridade, sempre abertos a solidariedade.
Devemos mudar o coração para, em liberdade, sermos capazes de oferecer a vida.

Padre Anastasio Canto
Missionário claretiano, diretor da revista IRIS DA PAZ,
falecido em Madri em 04 de março de 2009, aos 74 anos de idade,
como conseqüência de um câncer contra o  qual lutou durante alguns anos.
Que o Deus da Vida em quem sempre creu como seu salvador
o conduza à morada de luz e de vida.

 

 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

RESUMO DA DOUTRINA CATÓLICA


 

I. O MANDAMENTO NOVO DE JESUS E AS OBRAS DE MISERICÓRDIA

 Qual foi o mandamento novo de Jesus?

O mandamento novo de Jesus foi: "Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos".

Quantas são as obras de misericórdia?

As obras de misericórdia são catorze: sete corporais e sete espirituais.

As corporais são:

1ª. Dar de comer a quem tem fome;

2ª. Dar de beber a quem tem sede;

3ª. Vestir os nus;

4ª. Dar pousada aos peregrinos;

5ª. Visitar os enfermos e encarcerados;

6ª. Remir os cativos;

7ª. Enterrar os mortos.

As espirituais são:

1ª. Dar bom conselho;

2ª. Ensinar os ignorantes;

3ª. Corrigir os que erram;

4ª. Consolar os aflitos;

5ª. Perdoar as injúrias;
6ª. Sofrer com paciência as fraquezas do próximo;

7ª. Rogar a Deus pelos vivos e defuntos.

 II. INTRODUÇÃO AS PRINCIPAIS VERDADES DE FÉ

És cristão?

Sim, sou cristão pela graça de Deus.

Quem é verdadeiro cristão?

É verdadeiro cristão quem é batizado, crê em Jesus Cristo e vive conforme os seus ensinamentos.

Por que o sinal da cruz é o sinal da do cristão?
O sinal da cruz é o sinal do cristão porque em Jesus Cristo Crucificado encontramos os principais ensinamentos da nossa fé.

Onde se encontram as verdades reveladas por Deus?

As verdades reveladas por Deus encontram-se na Sagrada Escritura e na Tradição.

Que é a Sagrada Escritura?

A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita no Antigo e no Novo Testamento.

Que é a Tradição?

A Tradição é a Palavra de Deus não escrita na Sagrada Bíblia, mas transmitida por Jesus aos Apóstolos e por estes à Igreja.

III. O CREDO - DEUS CRIADOR

Quem é Deus?

Deus é o nosso Pai, que está nos céus, Criador e Senhor de todas as coisas, que premia os bons e castiga os maus.

Há um só Deus?

Sim, há um só Deus.

A quem chamamos Santíssima Trindade?

Chamamos Santíssima Trindade ao mesmo Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo, três Pessoas distintas e um só Deus verdadeiro.

Por que Deus é Criador?

Deus é Criador porque só Ele criou e pode criar todas as coisas, e por ninguém foi criado.

Deus cuida das coisas criadas?

Deus cuida e tem providência das coisas criadas, e  conserva-as e dirige-as todas ao seu próprio fim, com sabedoria, bondade e justiça infinita.

 Os anjos e o homem

Quem são os Anjos?

Os Anjos são espíritos puros, isto é, sem corpo, que têm entendimento e vontade.

Para que criou Deus os Anjos?

Deus criou os Anjos para que O louvem, obedeçam e sejam felizes no Céu, para serem os seus mensageiros e cuidarem dos homens.

Quem é o Anjo da Guarda?

O Anjo da Guarda é o Anjo que Deus nos dá a cada um para que nos guarde na terra e nos guie para o Céu.

Quem são os demônios?

Os demônios são espíritos maus, anjos que se revoltaram contra Deus, e por isso foram precipitados no inferno.

Quem é o homem?

O homem é um ser racional e livre, composto de corpo e alma, criado por Deus à sua imagem e semelhança.

Que é a alma?

A alma é a parte espiritual do homem, pela qual ele vive, entende e é livre. A alma do homem não morre com o corpo, mas vive eternamente porque é espiritual.

Para que fim criou Deus o homem?

O homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus neste mundo e assim merecer a vida com o próprio Deus para sempre no céu.

Este fim alcança-se sempre?

Este fim não se realiza quando deixamos de cumprir a Vontade de Deus.

Jesus Cristo e Nossa Senhora

Quem é Jesus Cristo?

Jesus Cristo é o Filho de Deus feito homem, que nasceu da Virgem Maria. É a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade feita homem.

Por que o Filho de Deus se fez homem?

O Filho de Deus se fez homem para nos salvar, isto é, para nos remir do pecado e nos conquistar o Paraíso.

Como se realizou a Encarnação do Filho de Deus?

A Encarnação do Filho de Deus realizou-se com o Espírito Santo formando nas entranhas da Virgem Maria um corpo perfeitíssimo e criando uma alma nobilíssima que uniu ao corpo; no mesmo instante, uniu-se a este corpo e alma o próprio Filho de Deus; e desta maneira aquele que era só Deus, sem deixar de sê-lo, ficou sendo também homem.

Onde nasceu, viveu e morreu Jesus Cristo?

Nasceu em Belém, viveu a maior parte da sua vida, até os trinta anos, em Nazaré; durante três anos pregou e fez milagres por toda a Palestina, morrendo crucificado em Jerusalém, no monte Calvário. Aos rês dias ressuscitou e, depois de ter aparecido durante quarenta dias à sua Mãe, às santas mulheres e também aos Apóstolos, aos discípulos e a outras pessoas, subiu aos céus.

Que fez Jesus Cristo para nos salvar?

Para nos salvar, Jesus Cristo satisfez pelos nossos pecados, sofrendo e sacrificando-se na Cruz, e ensinou-nos a viver segundo a vontade de Deus.

Que devemos fazer para viver segundo a vontade de Deus?

Para viver segundo a vontade de Deus, devemos acreditar nas verdades reveladas por Ele e observar os seus Mandamentos com o auxílio da sua graça, que se obtém por meio dos Sacramentos e da oração.

Quem é a Virgem Maria?

A Virgem Maria é a Senhora cheia de graça e de virtudes, concebida sem pecado, que é a Mãe de Deus e Mãe nossa, e está no Céu em corpo e alma.

Quais são os principais privilégios da Virgem Maria?

Os principais privilégios da Virgem Maria são: sua Conceição Imaculada, sua perpétua Virgindade, sua Maternidade divina e sua Assunção em corpo e alma aos céus. Este privilégios foram definidos como dogmas de fé.

O Espírito Santo e a Igreja

Quem é o Espírito Santo?

O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho.

Quando enviou Jesus Cristo o Espírito Santo?

Jesus Cristo enviou o Espírito Santo à sua Igreja no dia de Pentecostes, dez dias depois da sua Ascensão aos céus.

Que é a Igreja?

A Igreja é o Corpo de Cristo formado pelos batizados que professam a mesma fé em Jesus Cristo, participam dos mesmos Sacramentos e obedecem ao Papa e aos Bispos em comunhão com o Papa.

Quem são os pastores visíveis da Igreja?

Os pastores visíveis da Igreja são o Papa, sucessor de São Pedro, e os Bispos, sucessores dos Apóstolos.

Quem é o papa?

O papa, ou Romano Pontífice, é o Vigário de Cristo na terra, sucessor de são Pedro, que faz as vezes de Cristo no governo de toda a Igreja.

Quem são os Bispos?

Os bispos são os sucessores dos apóstolos, colocados pelo Espírito Santo para que, juntamente com o Papa e sob a sua autoridade, continuem a missão de Cristo em toda a Igreja, especialmente cada um na sua própria diocese.

Estarão todos os cristãos chamados à santidade e ao apostolado?

Todos os cristãos estão chamados à santidade e ao apostolado pelo próprio fato de terem recebido o batismo e a confirmação.

Deus remunerador

Quais são os "novíssimos" do homem?

Os novíssimos ou as últimas coisas que nos hão de acontecer são: Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.

Que quer dizer a "ressurreição da carne"?

A "ressurreição da carne" quer dizer que , como Cristo ressuscitou, assim também nós ressuscitaremos no fim do mundo, voltando a unir-se a alma com os nossos mesmos corpos para nunca mais morrermos.

Que é o céu?

O Céu é o lugar onde os bons vivem com Deus eternamente felizes.

Quem vai para o céu?

Vão para o Céu os que morrem na graça de Deus.

Que é o purgatório?

O Purgatório é o lugar de sofrimento onde se purificam, antes de entrarem no Céu, aqueles que morrem na graça de Deus, mas sem terem satisfeito pelos seus pecados.

Que é o inferno?

O Inferno é o lugar onde os maus, afastados de Deus,, sofrem penas eternas.

Quem vai para o inferno?

Para o Inferno vão os que morrem em pecado mortal, porque rejeitaram a graça de Deus.

IV. OS  MANDAMENTOS

Que Mandamentos deve cumprir o cristão?

O cristão deve cumprir os Mandamentos da Lei de Deus e os da Santa Madre Igreja.

Quantos são os Mandamentos da Lei de Deus? Os Mandamentos da Lei de Deus são dez:

1º. Amar a Deus sobre todas as coisas;

2º. Não tomar seu santo nome em vão;

3º. Guardar os domingos e festas;

4º. Honrar pai e mãe;

5º. Não matar;

6º. Não pecar contra a castidade;

7º. Não furtar;

8º. Não levantar falso testemunho;

9º. Não desejar a mulher do próximo;

10º. Não cobiçar as coisas alheias.

Estes dez mandamentos resumem-se em dois, que são: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Que são os Mandamentos da Igreja?

Os Mandamentos da Igreja são os preceitos que a Igreja nos dá em virtude do poder recebido de Jesus, para ajudar-nos a cumprir a Lei de Deus e assim conseguirmos a nossa salvação eterna.

Quais são os Mandamentos da Igreja?

Os principais Mandamentos da Igreja são cinco:

1º. Ouvir Missa inteira aos domingos e festas de guarda;

2º. Confessar ao menos uma vez por ano os pecados mortais;

3º. Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição;

4º. Jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja;

5º. Pagar dízimos conforme o costume.

Quem está obrigado a ouvir Missa aos domingos e festas de guarda?

Estão obrigados a ouvir Missa aos domingos e festas de guarda todos os cristãos que cumpriram os sete anos e chegaram ao uso da razão.

Dias com obrigação de ouvir Missa

1)todos os domingos do ano.

2)dia 1º de janeiro, festividade de Santa Maria, Mãe de Deus.

3)festividade do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), celebrada na    quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade.

4)8 de dezembro, festividade da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

5)25 de dezembro, Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Lei do jejum e abstinência

1) "Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com alguma solenidade do calendário litúrgico. Nesse dia os fiéis devem abster-se de carne ou outro alimento, ou praticar alguma forma de penitência, principalmente alguma obra de caridade ou algum exercício de piedade".

2) "A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nesses dias na Sagrada Liturgia" (Decreto 4-86, da CNBB).

3) Idade da obrigação: a abstinência obriga a partir dos 14 anos completos; o jejum a partir dos 21 anos completos até 60 anos começados.

V. PECADOS E VIRTUDES

Que é pecado?

Pecado é toda desobediência voluntária à Lei de Deus ou da Igreja.

Que é o pecado original?

O pecado original é o pecado que a humanidade cometeu em Adão, sua cabeça, e que [de Adão] todos os homens contraem por descendência natural. O pecado original apaga-se com o Batismo.

Que é pecado mortal?

Pecado mortal é uma desobediência à Lei de Deus ou da Igreja em matéria grave, feita com pleno conhecimento e consentimento deliberado.

Que é pecado venial?

Pecado venial é uma desobediência à Lei de Deus ou da Igreja em matéria leve, ou em matéria grave mas sem pleno conhecimento e perfeito consentimento.

Que é virtude?

A virtude é um hábito bom, uma disposição permanente da alma para atuar bem.

Quais são as virtudes próprias do cristão?

As virtudes próprias do cristão são as virtudes sobrenaturais, especialmente a fé, a esperança e a caridade, que são chamadas virtudes teologais ou divinas.

Quais são as principais virtudes morais?

As principais virtudes morais são: a religião, que nos faz prestar a Deus o culto devido, e as quatro virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança, que nos fazem honestos no viver.

Que é vício?

Vício é a inclinação para o pecado adquirida pela repetição de atos maus.

Quantos são os vícios ou pecados capitais?

Os pecados capitais são sete: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça.

Como se vencem os pecados capitais?

Os pecados capitais vencem-se com a prática das virtudes opostas:

contra a soberba, humildade;

contra a avareza, liberalidade;

contra a luxúria, castidade;

contra a ira, paciência;

contra a gula, temperança;

contra a inveja, caridade;

contra a preguiça, diligência.

Quantos são os pecados contra o Espírito Santo?

Os pecados contra o Espírito Santo são seis:

1º. Desesperação da salvação;

2º. Presunção de se salvar sem merecimento;

3º. Contradizer a verdade conhecida como tal;

4º. ter inveja das mercês que Deus faz aos outros;

5º. Obstinação no pecado;

6º. Impenitência final.

Quantos são os pecados que bradam ao céu?

Os pecados que bradam ao céu são quatro:

1º. Homicídio voluntário;

2º. Pecado sensual contra a natureza;

3º. Opressão dos pobres;

4º. Não pagar o salário a quem trabalha.

Quantos são os inimigos da alma?

Os inimigos da alma são três: o Mundo, o Demônio e a Carne.

Qual o remédio contra o pecado?

O remédio contra o pecado é a graça de Deus pelos méritos de Jesus Cristo, que Ele nos concede pela oração e pelos sacramentos, e com a qual devemos cooperar por meio das boas obras.

A oração

Que é a oração?

A oração é uma elevação do espírito e do coração a Deus, para o adorar, para lhe dar graças e para lhe pedir aquilo de que precisamos.

Como se deve orar?

Deve-se orar refletindo que estamos na presença da infinita majestade de Deus e precisamos da sua misericórdia, e por isso devemos comportar-nos de maneira humilde, atenta e devota.

É necessário orar?

É necessário orar muitas vezes porque Deus o manda; ordinariamente, é só quando se ora que Ele concede as graças espirituais e temporais.

Que é o Pai-nosso?
O Pai-nosso é a oração ensinada e recomendada por Jesus Cristo.

Com que oração invocamos especialmente Nossa Senhora?

Invocamos especialmente Nossa Senhora com a Ave-Maria ou saudação angélica

As Bem-aventuranças

Quantas são as Bem-aventuranças?

As Bem-aventuranças são oito:

1ª. Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus;

2ª. Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra;

3ª. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados;

4ª. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados;

5ª. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia;

6ª. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus;

7ª. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de eus;

8ª. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é do reino dos céus.

VI. OS SACRAMENTOS

Que se entende por Sacramento?

Por Sacramento entende-se um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo para santificar as nossas almas.

Como se santificam os Sacramentos?

Os Sacramentos santificam dando-nos a primeira graça santificante que apaga o pecado, ou aumentando a graça que já possuímos.

Que é a graça?

A graça é um dom sobrenatural que Deus concede para alcançar a vida eterna. A graça santificante nos faz filhos de Deus e herdeiros do céu.

Quantos são os Sacramentos?

Os Sacramentos são sete:

1º. Batismo;

2º. Confirmação ou crisma;

3º. Eucaristia;

4º. Penitência ou confissão;

5º. Unção dos enfermos;

6º. Ordem;

7º. Matrimônio.

Que devemos fazer para conservar a graça dos Sacramentos?

Para conservar a graça dos Sacramentos, devemos corresponder da nossa parte com a ação própria, praticando o bem e evitando o mal.

Sobre o batismo

Que é batismo?

O Batismo é o Sacramento pelo qual renascemos para a graça de Deus e nos tornamos cristãos.

Quais são os efeitos do batismo?

O Sacramento do Batismo confere a primeira graça santificante, que apaga o pecado original e também o atual, se o há; perdoa toda pena por eles devida; imprime o caráter de cristão; faz-nos filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros do Paraíso, e torna-nos capazes de receber os outros Sacramentos.

Como se batiza?

Batiza-se derramando água sobre a cabeça do batizando, ou, não podendo ser sobre a cabeça, sobre qualquer outra parte principal do corpo, dizendo ao mesmo tempo: Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Sobre a confirmação

Que é a Confirmação?
A Confirmação ou Crisma é um Sacramento que nos dá o Espírito Santo, imprime na nossa alma o caráter de soldados de Cristo e nos faz perfeitos cristãos.

Quais são os dons do Espírito Santo que recebemos na confirmação?

Os dons do Espírito Santo que recebemos na Confirmação são sete:

1º. Sabedoria;

2º. Entendimento;

3º. Conselho;

4º. Fortaleza;

5º. Ciência;

6º. Piedade;

7º. Temor de Deus.

Quais são os frutos do Espírito Santo?

Os frutos do Espírito Santo são: caridade, gozo, paz, paciência, benignidade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência e castidade.

Sobre a penitência

Que é o Sacramento da Penitência?

A Penitência ou Confissão é o Sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo.

Quantas coisas são necessárias para fazer uma boa confissão?

São necessárias cinco coisas:

1ª. Exame de consciência (lembrar-se dos pecados cometidos);

2ª. Dor ou arrependimento dos pecados;

3ª. Propósito de nunca mais pecar;

4ª. Confissão ou acusação dos pecados;

5ª. Cumprimento da penitência.

É necessário confessar-se individualmente?

A Igreja ensina que, por direito divino, é necessário confessar individualmente todos e cada um dos pecados mortais, bem como as circunstâncias que mudam a espécie dos pecados; e que a confissão individual e íntegra, com a absolvição a cada penitente, permanece o único meio ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, a não ser que a verdadeira impossibilidade física ou moral os dispense deste modo de confissão.

Quais são as vantagens da confissão freqüente?

Com a confissão freqüente, também chamada confissão de devoção, recomendada por todos os Papas, aumenta o conhecimento próprio, cresce a humildade cristã, eliminam-se os maus costumes, combate-se a tibieza e a indolência espiritual, robustece-se a vontade, leva-se a cabo a salutar direção das consciências e aumenta a graça em virtude do sacramento.

Sobre a eucaristia

Que é a Eucaristia?

A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das aparências de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual.

Quando é que o pão e o vinho se tornam Corpo e Sangue de Jesus?

O pão e o vinho tornam-se Corpo e Sangue de Jesus no momento da Consagração, na Missa. Esta miraculosa conversão é chamada Transubstanciação pela Igreja.

Depois da Consagração não fica nada do pão e do vinho?

Depois da Consagração já não fica nem pão nem vinho, mas ficam somente as respectivas espécies ou aparências, sem a substância.

Há obrigação de receber a comunhão?

Há obrigação de receber a comunhão todos os anos pela Páscoa, e em perigo de morte como viático.

É coisa boa e útil comungar freqüentemente?

É coisa ótima comungar freqüentemente e até todos os dias, contanto que se faça com as devidas disposições.

Que é a santa Missa?

A Santa Missa é o Sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre o altar debaixo das aparências do pão e do vinho, renovando de forma incruenta o sacrifício da Cruz.

Sobre a unção dos enfermos

Que é a Unção dos Enfermos?

A Unção dos Enfermos é o Sacramento instituído para alívio espiritual e também temporal dos enfermos em perigo de morte.

Quais são os efeitos da Unção dos Enfermos?

Os efeitos da Unção dos Enfermos são:

1º. Aumenta a graça santificante;

2º. Apaga os pecados veniais e também os mortais que o enfermo arrependido já não possa confessar;

3º. Tira a fraqueza e languidez para o bem que fica ainda depois de se ter alcançado o perdão dos pecados;

4º. Dá força para suportar pacientemente o mal, resistir às tentações e morrer santamente;

5º. Ajuda a recuperar a saúde do corpo, se isso for útil à salvação da alma.

Quem deve receber a Unção dos Enfermos?

A Unção dos Enfermos deve ser conferida com todo o cuidado e diligência aos fiéis que, por doença ou idade avançada, estão em grave perigo de vida.

Que obrigação têm os familiares e os que assistem o enfermo?

Os familiares e os que assistem o enfermo têm obrigação grave de procurar que receba a Santa Unção, se possível antes de que perca o conhecimento.

Sobre a ordem sacerdotal

Que é a Ordem Sacerdotal?

A Ordem Sacerdotal é o Sacramento que dá o poder de exercer os ministérios sagrados que se referem ao culto de Deus e à salvação das almas, e que imprime na alma de quem o recebe o caráter de ministro de Deus: Bispo, Sacerdote ou Diácono.

Que concede o Sacramento da Ordem àqueles que o recebem?

O Sacramento da Ordem concede aos que o recebem o aumento da graça santificante, o caráter sacramental que lhes dá poder para exercer as funções sagradas, e as graças para fazê-lo dignamente.

Quais são as principais funções do sacerdote?

As principais funções do sacerdote são: celebrar a Santa Missa, administrar os Sacramentos e pregar a palavra de Deus.

Sobre o matrimônio

Que é Matrimônio?

O Matrimônio é o Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, que estabelece uma união santa e indissolúvel entre o homem e a mulher, e lhes dá a graça de se amarem mutuamente e de educarem cristãmente os filhos.

Como devem receber este Sacramento?

É preciso receber o Sacramento do Matrimônio em graça de Deus; se se recebe em pecado mortal, o Matrimônio é valido, mas comete-se um grave sacrilégio.

Quem é o ministro do Sacramento do Matrimônio?

O ministro do Sacramento do Matrimônio são os próprios cônjuges.

Quais são os fins do Matrimônio?

Os fins do Matrimônio são a procriação e a educação dos filhos, o amor e a ajuda mútua entre os esposos e o remédio da concupiscência.

Quais são as propriedades do Matrimônio? As propriedades do Matrimônio são a unidade e a indissolubilidade; isto é, deve ser de um com uma e para sempre.

Que devem fazer os esposos cristãos para viverem santamente?

Para viverem santamente, os esposos cristãos devem amar-se e guardar fidelidade um ao outro, receber os filhos que Deus lhes dê e educá-los cristãmente.

VII. AS  INDULGÊNCIAS

da Constituição "Indulgentiarum Doctrina", de Paulo VI, de 1º de janeiro de 1967

Que são as indulgências?

Indulgência é a remissão diante de Deus da pena temporal devida pelos pecados, já perdoados no que se refere à culpa, que ganha o fiel, convenientemente preparado, em certas e determinadas condições, com ajuda da Igreja que, como administradora da Redenção, dispensa e aplica com plena autoridade o tesouro dos méritos de Cristo e dos Santos.

Quantas espécies há de indulgência?

Há duas espécies: a plenária e a parcial, segundo libertam totalmente ou em parte da pena temporal devida pelos pecados. Tanto uma como a outra podem aplicar-se pelos defuntos a modo de sufrágio.

Quantas indulgências plenárias se podem ganhar por dia? Somente uma por dia, a não ser in articulo mortis, caso em que o fiel poderá ganhar a indulgência plenária por esse motivo, ainda que no mesmo dia tenha ganho já outra indulgência plenária.

Que se requer para ganhar indulgência plenária?

Requer-se:

a) realizar a obra enriquecida com a indulgência;

b) confissão sacramental;

c) comunhão eucarística, e

d) oração pelas intenções do Papa. Além disso, é necessário que não exista nenhum afeto a qualquer pecado, mesmo venial.

Quando se devem cumprir as condições de confissão, comunhão e oração pelo Papa?
Ainda que possam cumprir-se alguns dias antes ou depois da execução da obra prescrita, é conveniente que a comunhão e a oração pelo Papa se realizem no mesmo dia em que se faça a obra. Com uma só confissão podem ganhar-se várias indulgências plenárias; pelo contrário, com uma só comunhão e uma só oração pelo Papa, somente se pode ganhar uma indulgência plenária.

Que é que se perdoa com uma indulgência parcial?

Ao fiel que, pelo menos com o coração contrito, realiza uma obra enriquecida com indulgência parcial, é-lhe concedida, por graça da Igreja, uma remissão da pena temporal igual à que ele recebe pela própria obra.

Principais obras indulgenciadas

Com data de 29 de junho de 1968, a Sagrada Penitenciaria Apostólica publicou o decreto promulgatório do novo "Enchiridion das Indulgências". Apresentamos a seguir um resumo desse decreto.

Concessões gerais:

1. "Concede-se indulgência parcial ao fiel que, ao cumprir os seus deveres e ao suportar as dificuldades da vida, eleva o espírito a Deus, com humilde confiança, acrescentando – inclusive apenas mentalmente – alguma piedosa invocação";

2. "Concede-se indulgência parcial ao fiel que, com espírito de fé, se entrega a si mesmo ou os seus bens com ânimo misericordioso ao serviço dos irmãos necessitados" (qualquer necessidade: no corpo, na alma, na inteligência);

3. Concede-se indulgência parcial ao fiel que espontaneamente, com espírito de penitência, se priva de alguma coisa lícita que lhe é agradável".

Orações e práticas indulgenciadas com indulgência plenária:

1. Adoração ao Santíssimo Sacramento, pelo menos durante meia hora;

2. Leitura da Sagrada Escritura, pleo menos durante meia hora;

3. Exercício da Via-Sacra, diante das estações legitimamente erigidas;

4. Recitação do terço do Rosário na Igreja ou oratório ou em família, em comunidade religiosa ou em associação piedosa;

5. Recitação da oração a Jesus Crucificado nas Sextas-feiras da Quaresma. Nos outros dias do ano, há indulgência parcial;

6. Assistência ao ato de clausura de Congresso Eucarístico;

7. Exercícios espirituais ou retiro que durem pelo menos três dias;

8. Primeira Comunhão: aos que a fazem ou assistem à celebração;

9. Primeira Missa solene do neo-sacerdote e aos que assistem à mesma;

10.  Datas jubilares da ordenação sacerdotal (25º, 50º e 60º aniversário) ao sacerdote e aos que assistem à Missa, celebrada com certa solenidade;

11. Visita à igreja catedral e paroquial no dia da festa do titular e no dia 02 de agosto; 12. Visita à igreja ou ao altar no dia da sagração;

13. Visita à igreja ou ao oratório na comemoração de todos os fiéis defuntos (só aplicável aos defuntos). Esta indulgência, com o consentimento do Ordinário, pode ganhar-se no Domingo anterior ou posterior ao dia de Todos os Santos;

14. Visita à igreja e ao oratório dos religiosos na festa do Santo Fundador;

15. Renovação das promessas batismais, usando qualquer fórmula aprovada, no dia da Vigília Pascal e no dia do aniversário do Batismo.

Ações e práticas indulgenciadas com indulgência parcial:

1. A recitação do Angelus ou Regina Coeli;

2. A oração Lembrai-vos;

3. A novena antes do Natal do Senhor, do Pentecostes ou da Imaculada Conceição, feita em público;

4. Oração pelas vocações sacerdotais ou religiosas. A oração deve ser aprovada pela autoridade eclesiástica, com este fim;

5. A Salve Rainha;

6. A recitação da oração Alma de Cristo;

7. O ensino e o aprendizado de qualquer matéria de doutrina cristã;

8. O uso de um objeto piedoso (crucifixo, cruz, terço, escapulário, medalha) bento por um sacerdote. Se for bento pelo papa ou por um Bispo, o fiel que o usar devotamente pode ganhar indulgência plenária no dia da festa de São Pedro e São Paulo, acrescentando, com qualquer fórmula legítima, a profissão de fé.