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terça-feira, 23 de junho de 2009

DEUTERONÔMIO

O Deuteronômio constitui uma unidade de um gênero particular, pelo fato de conter a quase totalidade de uma das quatro grandes tradições do Pentateuco, traços das outras tradições aparecem no fim do livro, a partir do capítulo 31.

Entre a primeira e a última página do livro, os acontecimentos históricos não progridem: desde o começo, situam-se além do Jordão, na terra de Moab (1,5), e é lá que Moisés morre (34,5).

“E Moisés, o servo do Senhor, ali morreu, na terra de Moab, conforme a declaração do Senhor. E ele o enterrou no vale, na terra de Moab, defronte a Bet-Peor, e até hoje a ninguém foi dado conhecer o lugar de sua sepultura. Moisés tinha cento e vinte anos quando morreu; sua vista não se tinha enfraquecido e sua vitalidade não o havia abandonado.”

O conteúdo é, contudo, muito mais coerente do que no restante do Pentateuco: apesar de algumas rupturas ou retomadas, os caps. 1-30 se apresentam como um discurso de Moisés ao povo, uma espécie de testamento espiritual pronunciado antes de sua morte, no limiar da Terra Prometida Enfim e principalmente, o estilo dessas exortações didáticas impressiona por sua unidade e originalidade. Expressões características retornam seguidamente, muito semelhantes, em todo o livro, embora nunca absolutamente idênticos. Por exemplo: entrar na posse da terra que o Senhor jurou dar a vossos pais...; procurar o Senhor no lugar que o Senhor, vosso Deus, escolherá entre todas as vossas tribos para ali estabelecer o seu nome...; guardar o mandamento, as leis e os costumes que eu vos dou para pô-los em prática...; amar e servir o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de todo o teu ser... etc. Ora, muitas destas expressões estilísticas reaparecem nos discursos e reflexões que pontuam os livros de Josué, dos Juízes, de Samuel e dos Reis. O parentesco literário com estes livros leva a duvidar da unidade entre o Deuteronômio e o restante do Pentateuco, ao qual, no entanto, a tradição ligou o Deuteronômio, para formar um grande conjunto literário dominado pela pessoa de Moisés.

Uma pregação da Aliança. O Deuteronômio se caracteriza por sua forma retórica. Os caps. 12—26 contêm, é verdade, uma espécie de código de leis e costumes para pôr em prática, o que explica o título, Deuteronômio, isto é, segunda lei, que lhe deram os tradutores da Septuaginta (cf. 17,18).

“E tendo subido a seu trono real, escreverá para si mesmo, num livro, uma cópia desta lei , que os sacerdotes e os levitas lhe transmitirão. Ela permanecerá a seu lado, e ele a lerá todos os dias de sua vida, para que aprenda a temer o Senhor, seu Deus, guardando todas as palavras desta Lei e todas as suas prescrições, a fim de pô-las em prática, sem se tornar orgulhoso perante os seus irmãos, nem se desviar do mandamento, nem para a esquerda, nem para a direita, a fim de prolongar, para ele e para seus filhos, os dias de sua realeza no meio de Israel.”

Mas este título não se ajusta bem à obra, pois nem mesmo a parte central tem a ordenação e a forma literária de um código de leis. Os diversos temas abordados, dos quais muitos são uma retomada do código da Aliança de Ex 20–23,

“E Deus falou todas estas palavras dizendo:

Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão :

Não terás outros deuses diante de mim .

Não farás para ti ídolos ou coisa alguma que tenha a forma de algo que se encontre no alto do céu, embaixo na terra ou nas águas debaixo da terra. Não te prosternarás diante desses deuses e não os servirás, porque eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus ciumento , visitando a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração — se eles me odeiam —, mas provando a minha fidelidade a milhares de gerações — se eles me amam e guardam os meus mandamentos...”

Constituem antes o objeto de um ensino acompanhado de exortações, de apelos e de advertências. Assim, por exemplo, o ensinamento sobre a libertação dos escravos hebreus (15,12-18) “ se dentre teus irmãos hebreus, um homem ou uma mulher se tiver vendido a ti, e se ele te serviu como escravo durante seis anos, no sétimo ano, tu o deixarás partir livre de tua casa. E quando tu o deixares partir livre de tua casa, não o deixarás partir de mãos vazias; cobri-lo-ás de presentes com o produto de teu rebanho, de tua eira e de teu lagar: pois o que lhe deres te vem da bênção do Senhor, teu Deus. Tu te lembrarás de que eras escravo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te resgatou. Por isso é que hoje te dou este mandamento.

Mas se este escravo te diz: Não desejo sair de tua casa, porque te ama, a ti e aos de tua casa, e porque ele é feliz em tua casa, então, tomarás uma punção e lhe fixarás a orelha contra a ombreira de tua porta , e ele será para ti um escravo perpétuo. Agirás do mesmo modo em relação a tua serva.”

retoma e desenvolve a lei de Ex 21, 2-6 numa linguagem de catequista ou de pregador, e não tanto de legislador.

O ensino se dirige a todo Israel (1,1; 34,12). “Eis as palavras que Moisés dirigiu a todo Israel... ...Moisés, que procedera com todo o poder de sua mão, suscitando todo esse grande terror ante os olhos de todo Israel...”

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